Confesso que depois de algum tempo admito que preciso de cura. Sou humano, demasiadamente humano e por isso, necessito de me enxergar como um ser que até para nascer precisou de ajuda. Na verdade, somos seres que até para morrer precisamos de quem cuide do que sobra.
O ser humano é o único que reflete sobre ele mesmo e saber que sou dependente… que tarde ou cedo precisarei expor minhas muletas, minhas cicatrizes, band-aid…isso foi a minha libertação. Isso me abriu para as mudanças tão necessárias.
Preciso de cura para minha mente, pois tenho uma tendência em não dividir e me ofendo quando não sou tratado como acho que deveria.
Preciso ser curado do meu ego; meu orgulho que insiste em se afirmar constantemente diante dos outros, afinal há uma necessidade latente em se ter razão nas questões.
Preciso de cura para as minhas relações; meus relacionamentos são sempre meios truncados.
Preciso de cura para perdoar e para saber lidar com o perdão; ninguém consegue passar pela vida sem ter que enfrentar as questões pautadas pelo perdão.
Preciso de cura para saber lidar com os meus sentimentos; não viver prisioneiro das minhas emoções desequilibradas que insistem em me convencer que felicidade e prazer são direitos a qualquer custo … vencer a mordaça imposta pelos sentimentos é algo que me mostra o quanto preciso de cura.
Na verdade, tanto eu quanto o médico, o psicólogo, o terapeuta, o conselheiro, o clérigo … todos nós precisamos de cura.
Este desconforto acaba virando conforto (não conformismo) quando percebo as palavras de Jesus:
“Não são os que se julgam que têm saúde que precisam de médico, mas sim aqueles que se sabem doentes. Eu não vim para chamar os que se sentem justos, mas os que se reconhecem pecadores.” (Marcos 2:17)
Nesta sintonia vou seguindo; como um peregrino que se dispõe a fazer o caminho e nele encontrar e conhecer outros peregrinos solidários… devagar porque já tive pressa, vivendo um dia de cada vez, pois basta cada dia o transtorno da sua própria doença… E saber que a graça da cura está disponível é um descanso nesta caminhada de ser “sendo” curado… me abrindo para cura do alto quantas vezes forem necessárias… mesmo ciente de que alguns doentes, ainda cegos de si, arriscam em atirar pedras contra.